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terça-feira, 19 de maio de 2020

Quando o melhor ainda pode estar para vir

Não há coisas boas nesta coisa do confinamento, lamento já dei 10 voltas à casa e não encontrei uma única coisa boa nisto, mas encontrei a caneta da tabuleta que andava perdida, uma bola de ping pong debaixo do armário, enfim... um mundo, no entanto coisas boas nada, por isso não venham com larachas dessas.

Não havendo nada de bom, não significa que seja tudo um mar de horror, não. Na realidade não é por andar sempre a caminho da cozinha a fazer bolos, tartes e afins que o torna mau, só nos torna mais gordos, mas os gordos são fofinhos, por isso aqui já está uma coisa boa.
Outra coisa bem porreira foram os directos do Nogueira, bem que delicia, uma lufada de boa disposição das 23h00 à 1 da manhã, numa altura de grande stress interior houve esta alminha que se lembrou de fazer algo para aliviar o próprio stress e o nosso também, só não conseguiu mandar o covid de "cona", porque há sempre uns conichas por ai neste mundo que se acham o melhor lá da aldeia e empesta tudo de bicho, porquê? porque é um conichas.. mas adiante.

Ouvi dizer que esta coisa das redes, um mundo cheio de lontras, arrisco a dizer abrunhos, que bem esmiuçado encontras gente com quem partilhas o confinamento em forma de escrita, onde as conversas cruzadas são do mais hilariantes possível (atenção é para esmiuçar bem, eu diria espremer tudo como se faz com a laranja naquelas máquinas de sumo natural), no meio disto acabas por ter uma mão cheia de encontros. Calma que não vai sair sirunba alguma (aposto que muitos bem queriam, são uns lambões), isto são alguns anos aqui e lá pelo meio já nos vamos conhecendo e estabelecemos pontos de referencia sobre os quais eu não me vou responsabilizar, pois vai ser um "querido, eu deitei o restaurante abaixo", ou "querido, eu perdi o abdominal de tanto rir".

Como sou uma pessoa que preza o anonimato dei cognomes a todos estes queridos que ao longo destes dias se juntaram neste mar de parvoíce, brindes, risos, até partilhas de receitas e juntos tornaram esta coisa estranha de estar fechado dentro da própria habitação um pouco mais leve e com grau de alcoolemia elevado.

Então temos a Dinastia Cheio:

 A cabeça surge na ida a uma vila feudal, onde nada faltará, confesso que estou a espera de ver por lá os saltimbancos animar e trovadores a cantar. Logo à cabeça temos o Dom. Berlineta também conhecido pelo pinguças, cognome dado carinhosamente pela Dama das Camélias enquanto ouviam trovas do andaime, juntamos o Visconde Trail, o Burguês Arábico, o Capelão cantor, a Viscondessa  do Douro. Aqui vamos degustar um manjar que inclui um bicho com uma laranja na boca, ou será maçã? Bem não sei o importante mesmo é eu comer o peito, o gajo até pode ter uma Manga sabe lá Deus onde, e acompanharemos com água pura das nascentes aquelas que têm parras nas margens, não interessa se são mono casta ou não, o importante é estar CHEIO

Depois vem a dinastia, a coisa vai rolar de qualquer forma:

Onde temos a nossa Alfa Romeu, a minha kika que sempre me acompanharam na luta feroz por não andar o dia todo de pijama, café combinadissimo, pós confinamento que temos de ajudar a restauração, junto o menino da cartola, de humor peculiar uma alegria pura.
Entre tantos outros tenho a Serra Nevada, miúda nortenha sem medo de dar o peito às balas que quando for ás neves faço questão de lá ir beber um café. Há o Voluntário que já conheço à algum tempo e a cerveja esta marcada tal como o strudell. Existe a Pintinhas 🐞sempre mimosa
Não faltou o melhor Sunset do mundo, by rede social, eram, sois aos magotes de vários pontos do país, do mundo, pois minha gente porque onde está um português juntam-se logo dois ou três, que nós não somos de casa meia cheia. Variadíssimos copos cheios de nectares e lá celebrávamos mais uma sexta feira, o famoso dia de soltar a franga, a chegada de mais um fim de semana louco como todos os outros em casa...


O que têm estas dinastias em comum? Apenas uma coisa, fazemos parte de um pequeno mundo onde coabitamos com outros mundos dentro dos mundos, perceberam? não? eu também não mas achei que ficava uma coisa bonita cheia de filosofia, e acaba por cair sempre bem num blog.

O hilariante vai ser descobrir, é como vamos fazer para comer e beber com aquele pedaço de pano na boca, vai daí assolou-me esta ideia maravilhosa, vamos estar 1.5 metros afastados, mas podíamos fazer um piqueno furo da máscara e começamos a beber o café, o vinho o que vier, por uma palhinha, mas não é uma palhinha qualquer, uma ecológica, no fundo vamos todos ser uns influencers e vamos acabar a fazer vários unboxing adaptando a palhinha, se isto não é desde já uma ideia vencedora, então vocês não percebem nada de influencers na rede, bem mas isso também não é novidade alguma....
O comer vai ser algo que irá implicar perícia manual, vá essas mentes porcas já a dançar o vira, é apenas tentar enviar a pata do bicho entre a boca sem sujar a mascar.

Por isso vos digo confinados, o melhor? opha esse ainda está para vir...






sábado, 16 de maio de 2020

Fui comer um croissant, e virei Ulisses

Ir ás compras hoje em dia é uma verdadeira aventura, arrisco a ir mais longe e afirmo é toda uma odisseia ou, no meu caso, uma tragédia grego/romana.
Após uma semana cinzenta, de chuva, (até nisto o nosso S,Pedro ajuda, a malta está em teletrabalho em casa, então toma lá com tempo igual a Dezembro, para não teres ideias, veste um casaquinho e trabalha sem pensares ai e tal que sol lindo e eu aqui a enviar email). Resolvi sair, sábado de manhã e lá vamos nós dar uma volta por Lisboa.
Começa logo aqui a saga, mala levo ou não? o covid anda em todo o lado , é melhor levar uma clutch. O Miguel pergunta;" já tens o álcool gel na carteira? Que sacos queres levar para as compras", como que sacos?? quero uns sacos, não interessa quais.
Portanto temos tudo, ah porra a mascara, e lá vamos nós quais guerreiros prontos para esguichar alcool gel pelas fuças do covid.
Chego à Av. da Liberdade máscara na fucinheira, e começo a descer, ou melhor a desfilar qual marchante em direcção aos Restauradores, vazia , silencio, se neste caminho me cruzei com 3 pessoas foi muito.

No Rossio lá havia mais pessoinhas, aqui filhinhos começa a saga das mascarilhas, sendo assim temos :
A Máscara pensante- é aquela máscara que é usada na testa, um sinal claro de pessoa inteligente quiça um ser pensante, usada aqui por algumas pessoas mas ainda com pouca aceitação

A Máscara pochete - é aquela máscara usada no pulso ou entre os dedos, qual malinha de baile, o publico alvo aqui são as pitas.

A Máscara bandolete- não é mais que usar a máscara em modo multifunção, tipo as impressoras, ora está na cara, ora está a segurar a franja, a malta das obras aposta tudo neste tipo.

A Máscara pinguça- é aquela que deixa a penca , vulgo nariz, de fora, muito usual na população mais idosa

Máscara Airbag-  Sem duvida a minha favorita,  aquela que é usada nos queixos, como protector do mesmo, em bom rigor nunca sabemos se vem algum almariado em direcção ao carro e nada como protecção de airbag nos queixos, como nome diz, está é muito comum entre os condutores

E por fim a Máscara gola- não é mais que usar a máscara no pescoço, como uma gola, ou um cachecol, não vá fazer um fresco e ficarem com um covid espetado na maça de Adão, este tipo de peça é muito usada por quem fuma ou vai beber um café ou uma jola.

Hoje, no meu passeio matinal vi isto tudo, fiquei logo maravilhada, este novo mundo é motivo de uma análise mais profunda.

Entretanto estava um pouco atrasada já não fui à Guerra Junqueiro, passo por lá durante a semana, e arranquei para o Continente, não ia a essa superfície há mais de 2 meses, maldita hora que voltei.
Estava eu agarrada às cervejas e a puta da máscara rebenta.. presa numa só orelha larguei o saco no outro ombro do Miguel e sai logo daquele sitio, senti que por segundos era só covids à minha volta.
Vou para a fila da Wells, com a cara tapada com o vestido, isto estava ser digno de um filme de terror, a senhora da frente deu-me passagem. Imagino a minha cara de pânico, pois a assistente da farmácia passou-me à frente das outras pessoas e deu-me uma máscara social , toma lá 3€50, usei álcool gel e lá coloquei a dita, voltei a respirar, confesso que já estava em apneia, a hiperventilar mesmo, paguei e lá sai para ir ajudar o desgraçado com as compras.
Como não ajeitei a máscara, além de ter a cara magra e pequena já tinha a máscara enfiada no olho esquerdo, malta juro que vi covids a fazer a festa, primeiro foram uns minutos sem máscara num sitio fechado, se não entraram uns 10.000 covid pelas narinas adentro não sei não... agora digam lá se isto não é toda uma odisseia de Ulisses na minha vida?

Não tecer comentários sobre o nariz de Ulisses, todos sabemos que 
existem efeitos secundários do corona 
No meio disto consegui comer o croissant, no O Melhor Croissant da Minha Rua, Nutela para o Miguel, leitão para mim


terça-feira, 12 de maio de 2020

A Luta por um lugar ao sol

Hoje dia de fazer o Ponto da situação (aqui, se quiserem podem saltar logo para o resumo final, eu aviso, depois não venham dizer que tiveram insónias e culpar-me).
12 Maio, dia de procissão das velas, este ano vai ser épico, é a janela, quem nunca.. já a minha avó dizia, namorei com o teu avô sempre à janela, ele passava a cavalo pela porta da nossa casa em Alvalade e foi assim que me conquistou (aqui pensei como era feio que doía e a minha avó uma mulher linda, mas vá o coração quando envia mensagens não olha a trivialidades).

Hoje em dia fazemos tudo à janela, ele foi a Via Sacra, o Compasso Pascal, foi o cantar da Grândola, os parabéns a você, é o festejar o dia do trabalhador, como estavas em casa em tele-trabalho nem deste pela diferença, até fazemos da janela praia, quando simplesmente estás sentada na varanda sem camisa a apanhar sol. Hoje para não fugir à regra vamos ter a procissão das velas onde?
À janela pois claro, vai ser épico como todo este ano.

Portanto diferenças entre o Estado de Emergência (EE) e o Estado de Calamidade (EC) é zero, faço aqui um resumo:
EE:
- Todos em casa
- Tele trabalho x2
- Tele escola
- Tele cozinha
- Tele ginásio
- Tele telefonemas
- Tele copos com amigos
- Tele conferencias
- Lavo as solas dos sapatos com lixívia
- Toda roupa que sai à rua vai para zona contaminada e depois é lavada
Trabalho que me farto, numa mistura de horários, cozinho todos os dias, ele é almoços, jantares, à sexta tenho sempre um tele Sunset com a malta da rede do demónio, há sempre um pequeno lanche
já a pequena ovelha diz, " mãe é sexta hoje há lanchinho".

EC:
- Todos em casa
- Tele trabalho x2
- Tele escola
- Tele cozinha
- Tele ginásio
- Tele telefonemas
- Tele copos com amigos
- Tele conferencias
- Lavo as solas dos sapatos com lixívia
- Toda roupa que sai à rua vai para zona contaminada e depois é lavada
Trabalho que me farto, numa mistura de horários, cozinho todos os dias ele é almoços, jantares, à sexta tenho sempre um tele Sunset com a malta da rede do demónio, há sempre um pequeno lanche
já a pequena ovelha diz, " mãe é sexta hoje há lanchinho"

Como vemos mudança zero, continuo a não ter comido cozido à portuguesa, continuo sem data para o leitão, continuo a sair apenas para compras e sempre de máscara, continuo a tomar duas vezes banho por dia sempre que saio, agora imaginem usar duas vezes toda a parafernália de gel e gelinhos, sabão e sabãozinho, vamos ver se não passo a usar sabão macaco neste corpinho, num estalar de deditos
E o pós duche? uma trabalheira

Continuo a ter de chamar 10x para a mesa, (apesar do apetite voraz do moço), cada vez que olho para a mesa após o lanche da criatura, pergunto onde errei, é incapaz de arrumar as coisa no sitio, os horários deste miúdo é de levar o próprio do Papa Chico à insanidade, e quando à uma da manhã se levanta e vai fazer uma tosta eu desisto de tentar compreender este metabolismo, e entro na fase da mãe chata, isto é.. vai tudo a frente.

Nesta luta por um Lugar ao sol entre o EE e o EC, (e não, ainda não estamos a falar da praia), quem perde é a minha sanidade mental, se não vejamos o simples facto de implicar com o café mal tirado, o achar normal o cheiro a lixívia nas minhas mãos, mesmo depois de já ter esfregado as mesmas com pedra pomes, quase até ver cartilagem...

Os CTT continuam apostar tudo nas minhas rugas ao não entregarem as coisas a tempo e horas, ainda só não soltei o cão em cima deles, porque não tenho, e como moro num apartamento nunca vejo o gajo chegar, e este não bate duas vezes como o de Pablo Neruda.

No fundo continua tudo igual, só que cada vez mais cansada, com a paciência na rua da amargura, cada vez com menos filtro, este então foi pela ralo abaixo em direcção ao rio, se houver praia tenho esperança de o encontrar na Comporta.

Salvemos o facto de o cão ser ponto assente nesta casa, já tem nome, só falta chegar, as obras vão mesmo avançar no Alentejo, já foi encomendado material de jardim, vai ser a loucura, Bikini no meio dos limoeiros e laranjeiras, portanto não viro agricultora mas sim jardineira, é todo um novo mundo.

Resumo de tudo isto:
Estou farta desta porcaria, quero a  minha vida de volta e acima de tudo quero saber quêm foi o desgraçado que não passou aquela corrente aos 10 amigos no facebook e deu esta merda, mais parece as 7 pragas do Egipto.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Será um tele trabalho? Uma tele reunião? não é uma folhado de legumes em Tele cozinha

Quando o tele-trabalho se mistura com a tele-cozinha no meio de uma tele-reunião e ainda arranjas tempo para um tele-telefonema e tens uma tele-escola a deambular esfaimada pelas 4 paredes.
Entras numa espiral em que já dizes fácil a um cliente é uma noz de manteiga e uma pitada de sal.
Entre horários apertados tentamos arranjar solução e vai daí numa hora tens um pargo no forno, arroz branco ao lume, porque a criatura pequena não quer brócolos, já fazes um estrugido de legumes e tens um massa folhada estendida na nini bancada da cozinha, já estão cansados? Também eu e nem um copo de vinho tenho para acompanhar, enquanto ando recheada num avental cheio de smiles, numa relação amorosa com alho francês e cenoura ralada.
No meio de tudo isto, já tenho em fila de espera nesta linha de montagem uma panela de sopa para ir ao lume, atendo mais duas chamadas enquanto se bate uma claras em castelo, se isto não é pro-actividade no trabalho, então não sei.
Entra o Miguel na cozinha e diz humm cheira bem, queres ajuda? A vontade é dizer NÃO, mas vá sou uma fofinha e digo podes virar o peixe.
Já coloquei os legumes na massa folhada estendida, dobrei a mesma e é pincelada com uma gema de ovo, sai o legume do fogão entra a sopa, sai o pargo do forno entra o folhado de legumes e já estou a preparar a tarte de limão, mexe aqui, amassa ali a bolacha, espalha acolá e pumbas, mais uma em fila de espera, com as devidas distancias de segurança, não vá um bicho entrar por ai, nesta linha de montagem de fazer inveja a qualquer CEO da Autoeuropa.
Sai o folhado entra a tarte, o arroz fica pronto e pergunto :
- Alguém pôs a mesa?
Silencio real, aquele silencio fofinho sabem tipo opsss, um porque estava em tele-escola, tele-ps4, tele-amigos e o camandro outro porque estava de volta da estatística e esqueceu-se completamente e a princesa aqui?? Também estou em tele trabalho... a mesa apareceu posta, foi assim num milagre das rosas.
Comida na mesa e entre uma garfada e outra, lá saio a correr em direcção ao forno para apagar a tarte, se são 15 minutos, não são 16 nem 17 e eu sou muito cumpridora destas coisas.

Fui beber um café à esplanada, o mesmo quer dizer dei 2 passos e fui até à minha varanda onde tenho um loft chiquerrimo, com cadeirões e uma mesa, dou uma espreitadela na rede do demónio e toca o telefone, confesso que tive vontade de o mandar borda fora, sem bóia de salvamento, mas apenas disse um vernáculo cabeludo e lá atendi com um sorriso na voz.

Arranco para o tele-trabalho novamente, como se alguma vez tivesse saído de lá, entre e-mails, respostas, solto um "aii a sopa" e lá vou a correr em direcção ao fogão, agarro na varinha e dá-se a cereja do topo do bolo, ao moer o creme de abóbora tudo salpica para cima de mim, sim era sopa a voar e eu já não estava de avental, isto deve ser a forma de cospe e não engole da culinária, juro que ouvi a sacana da sopa a rir do facto de eu ter pedaços de sopa nas pestanas.

Agora digam lá onde está o tal tempo livre? 

Das duas uma ou eu sou muito desorganizada ou alguém me vendeu um confinamento errado, e como consumidora de tal vou fazer queixa a DECO.





domingo, 3 de maio de 2020

Eu só queria um Croissant, acabei por comprar plantas, é quase igual

Acabou o Estado de Emergência mas entra pelos nossos olhos o Estado de Calamidade montado num cavalo branco com 32 graus, para nos esfregar nas fuças um cheirinho a verão, no entanto se queres vestes o bikini e vais para a varanda dar com a fotossíntese nas narinas, porque as praias só a partir de 1 Junho e sob regras sabe Deus quais.
Lembram-se daquele colega chato, que sempre que tinha algo novo, dizia "eu tenho, e vocês" o Estado de Calamidade é esse colega, chega com o calor e diz "toma, toma, está calor e vocês não podem ir para a praia", se isto não dá vontade de mandar tudo para o escabeche então não sei, mas adiante.

No meio disto já podemos sair e assim, mas temos o dever de recolhimento, o que isto quer dizer? isso mesmo só mudam as moscas...
- Na realidade podes sair?
Podes , mas não deves (ora ide..)
- Na verdade podes ir ao Jardim?
Podes, mas tens o dever de recolhimento (o mesmo quer dizer sai, mas não abuses da sorte).

Parece que os restaurantes vão poder abrir, ahh tão bom poder sair e almoçar fora, não, não vai acontecer para já, como comer fora? O homem cegava se isso acontece, ontem pensei na ínfima possibilidade de comprar um croissant no "O Melhor Croissant da minha Rua" quase espumou, ah e tal ainda não tenho confiança em estar a comprar essas coisas fora, oh valha-me santa dos bolos, deve haver alguma, como confiança?? Oh senhores aquilo vai ao forno, e não era para ti, era para mim pensei eu, mas vá cedi não fosse entrar um covid pela cavidade bucal...

Não entrei na pastelaria, mas entrei na Romeira da Av Roma, sim porque o bicho pode andar nos bolos mas nas flores não, porque o gajo é um vírus não uma abelha.
Comprei uma flores que a minha avó sempre teve em Alvalade, já andava para comprar à muito, fazem sempre uma varanda muito bonita e colorida, não me perguntem o nome, que isso era com a Sra. Maria Milocas, eu apenas comprei.
Mas atenção assim que chego à viatura o que ouvi?
Desinfestaste as mãos?
Tocaram no saco ou foste só tu?
Ah pois, vocês queriam era ter um Lorde como eu, sempre em cima do acontecimento, sim eu sei não queriam, mas deixem-me sonhar ok.

Como é que eu posso pensar em bolas de Berlim na praia? Não posso vai dai espetei-lhe com a receita nas fuças, isto é como quem diz faz que eu sou uma lambona.

Só falta chegar Agosto ou Setembro e dizer ah leitão não sei...
Não, ai vai amarrado, é que nem quero saber se lhe doí o dedo grande do pé ou o único cabelo castanho que tem na cabeça, vai fazer os 212 km a sorrir, se não estiver confortável para comer leitão, e atenção que o bicho é assado e bem assado, levo uma saladinha de tomate e requeijão fácil, eu enfardo a carne, o meu lorde come uma salada a la Ki tomate, requeijão, presunto,azeite virgem, um toque de balsâmico e oregãos, fome não passa, e eu sem o leitão não fico.

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terça-feira, 28 de abril de 2020

Para onde vais tu zé meia?

Algo que aflige centenas, quiçá milhares de pessoas em todo mundo é onde fica, afinal, o mundo encantado e mágico das meias?
Tudo me leva a crer que é um mundo cheio de arco íris, tem todo o ar de ter unicórnios cor de rosa, jardins cheios de malmequer, uma piscina e arrisco um olho em como tem pequenas jaulas onde tem presas máquinas de lavar roupa.

Este é um assunto relevante para a sociedade dos tempos modernos, pois a quantidade de meias sem o seu par é algo que me comove, se não vejamos, o que é um pé sem o outro pé? Ou uma mão sem a outra? Com as meias é igual, sem o par ficam tristes, isoladas, quiçá divorciadas, sem o brilho que as caracteriza.
Muitas acabam os seus dias no lixo, parece que já estou a ver os ganeses a celebrar o fim delas com musicas alegres relembrando a boa vida que tinham nos nossos pés.

Dá-se o caso de as podermos efectivamente juntar a outro par, no fundo estão amantizar-se as gajas, nem choram o par perdido, nada, vêem outro igual e pumba fazem logo a já tão tradicional bolinha do acasalamento entre meias e gaveta com elas, nem quero pensar o que ali vai dentro, a avaliar pelo mundo humano deve um corta no piugo do demónio.

Elas, as meias, quando entram dentro da máquina é sempre uma incógnita, pois nunca sabemos o que vai acontecer, entram 5 pares, 10 piuguitos, a probabilidade de saírem de lá 9 ou mesmo 7 meias é de 95%, ora isto significa que quando enfiamos as meias à bruta, devíamos desde logo fazer uma despedida pois está visto que esta roleta russa vai acontecer, só não sabemos quem vai ser a contemplada da lavagem.
Era menina para fazer um lanche de despedida, ou porque não uma aposta qual será a meia que vai de vela?
Será a dos ananases ? palmeiras? vamos apostar as pastilhas Skip nas chaleiras ou nos táxis? (sim a minha rapaziada usa meias com bonecos, mesmo o que anda de fato, têm de ser fortes, sei que é uma dor muito grande, mas é lidar porque fica muito giro, faz sempre um pé bonito. Sabem lá o que é traçar uma perna e dar de caras com uma meia com pacotes de leite? É toda uma alegria no mundo das reuniões.


Desta vez desapareceu a meia do Mickey, chora triste sem o seu companheiro, não deixa ninguém indiferente, nem tão pouco descansado. Já lhe dei a entender que vai aparecer, não sei é quando e para aproveitar esta oportunidade para por a leitura em dia.
Não me bastava isto, ainda tenho o Miguel a perguntar pela do Mickey
e vai daí perante tanto desespero organizei uma busca pela maldita meia, mas aposto que se fartou da outra e foi em busca da aventura, a magana.
Estou também a pensar organizar um crowdfunding para arranjar uma expedição ao fabuloso mundo das meias a que dei o nome de:

Onde vais tu Zé Meia?




domingo, 26 de abril de 2020

Onde está o Cravo do 46?

46 anos celebrados de forma peculiar ou diferente,ou aquilo que queiram chamar, a sentir aquele nó na garganta, mas foi celebrado.
Foi celebrado com a mesma emoção, arrisco  o dedo grande do pé ao dizer que este ano teve mais emoção.
Não houve a já tradicional corrida do 25 Abril, com partida do Quartel da Pontinha, ao som da senha de Paulo de Carvalho, chegada ao Rossio ao som da Grândola, não houve as mines no final, nem os pasteis de nata, sim somos pessoas estranhas que além do correr de cravo enfiado na meias, no final damos tudo no reforço muscular enfardando pasteis de nata quentinhos na Manteigueira empurrado com nines, deitando abaixo todo o esforço feito ao longo de 11,5 km para perder as calorias, bem no fundo no fundo gostamos da nossa piquena banha.

Não houve o desfile pela avenida, o ruído das conversas cruzadas, dos abraços dados.
Não houve o Cravo 46, o símbolo de uma revolução única, onde a coragem de uns devolveu a liberdade tão desejada.
 Essa liberdade que hoje sentimos falta, não nos foi tirada apenas a confinamos de forma a não a contaminarmos. Nunca o celebrar Abril foi tão importante, para que os mais novos possam continuar aquilo que os avós deles lutaram (se julgam que vou falar de politica agora esqueçam, eles lá nós aqui, cada um com o seu papel na sociedade e todos bem cientes da importância de celebrar), para que muitos saibam o valor da mesma, para que outros tantos não julguem que ter tudo é um dado adquirido, não é, e este 25 Abril em tempos tão diferentes veio mostrar-nos muito isso.

Este 25 Abril foi celebrado de forma intensa, começou logo à meia noite no directo do Bruno Nogueira com o Vhils, foi de embargar a voz, tal foi a beleza de ver a cara do Zeca Afonso a ser esculpida na parede da sua casa, com o martelo pneumático, ao som do Grândola Vila Morena, foi de cortar a respiração, ficar sem fôlego, de lágrimas nos olhos, arrepiada até as nossas entranhas mais profundas, sejam elas onde forem..
Depois o pequeno estafermo juntou-se ao pai na janela a cantar em plenos pulmões "Em cada esquina um amigo, em cada gosto igualdade" facto único que nos ficará marcado para sempre.
Eu estava a tratar da sopa, quando o relógio bateu as 15 horas descascava uma batata doce, quem nunca descascou batatas ao som do Grândola que atire o primeiro Cravo. Mas cantei, sei a musica de cor, sempre adorei as musicas do Zeca e 46 anos depois continuo a emocionar-me ao som do Grândola. De faca na mão batata da outra ouvia o som das cantorias, enquanto cantava
"Grândola Vila Morena
Terra da fraternidade
O Povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade"
e caíram as lágrimas, então mas a pessoa agora é isto, uma emoção, raios parta mais às cebolas que jaziam no tacho.

Então e o Cravo 46? Como é que se celebra tão importante data sem o 46, não fui ao mercado, não comprei, onde ia eu desencantar o símbolo de Liberdade? Tomei a liberdade de criar um com todo o respeito que tamanha flor me merece, apesar do jeitinho ser nulo, até acho que os astros ajudaram e não ficou assim tão mau, mas Jamais o Cravo 46 não podia faltar em casa de alguém que é orgulhosamente filha de Abril.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Nasceu um irmão Castro em cada gémeo

O Covid  lá chegou até ao rectângulo à beira mar plantado, e com ele trouxe as padeiras de Aljubarrota que temos dentro de nós, tal é quantidade de pão que começou a invadir as redes sociais e a entrar pelas narinas adentro aquele cheiro de pão quente. Chupem nossos hermanos, a seguir Olivença vai voltar a ser nossa, que essa merda das dinastias dos Filipes foi coisa que sempre nos ficou entalada. Bem conseguiram limpar a face com a estância de Ski na Sierra Nevada, o que faz com que fiquem com Badajoz caso contrario também ia no embalo de Olivença.

Além de padeiras, agora com a tele-escola aparece tudo o que é Camões, Alexandres Herculanos ou Vitorinos Nemésios, quando na realidade não passam de uns Bocages de esgoto ou  Gil Vicentes desta vida com Autos da Barca da Conice.

Portanto o Covid chegou aqui, parou, olhou para a esquerda e para a direita (é um virus mas não é burro) e não quer de todo levar com uma trotinete desgovernada ou motoreta da uber eats pelas fuças adentro e pensou: "ahh, um país virado ao mar, com sol, quilómetros de praia, cheio de boazonas e bonzões com a mania que tudo sabem, é mesmo aqui  que vou montar campo!".
Pumbas e que que aconteceu migas?? Quase que nos dá cabo da praia, das férias. 
É assim, tiram o Agosto a este povo e vos garanto que não é só Espanha que sofre. Isto é gente que em Maio começa a dar tudo no bronze e no caracol, que ataca tudo o que é marisqueira e tasca naquelas noite loucas de calor.
E os nossos estudantes, aquela malta que só tem aquele trapinho preto, chamada traje académico, pois andam com aquilo vestido de segunda a domingo (uns pobrezinhos), como é que vão passar sem o seu coma alcoólico da queima? Ah, pois disto ninguém se lembra, estou deveras angustiada com esta situação.

Se isto já não era para correr com o Covid à padeirada como corremos com os espanhóis do país? O cancelamento da queima ou as restrições do Agosto é motivo mais que suficiente para cravar o animal de chumbo.

Pior que tudo isto, surgem assim a brotar das pedras da calçada os irmãos Castro,  surgem dos glúteos, dos ligamentos Patelar, ou dos gémeos destes assitomáticos em isolamento social... agora é vídeos de tabata, ioga, ora pulas, ora fazes flexões, ele é agachamentos que até me salta um ventrículo esquerdo, ora a seguir já estas de joelhos (calma, agarrem essa vossa mente perversa confinada e leiam até ao fim), no chão pronta para fazer a prancha, e não, não é a de bodyboard infelizmente, as praias estão fechadas, é mesmo aquele pequeno exercício de 10 micro-segundos onde me sai o estômago ainda com o suco gástrico a pingar...
Depois é dar tudo nos braços com os pesos, só penso com todos os santos, "não vazes uma vista melher, nem deixes cair 8 kg em cima dos deditos dos pés, que isto do bicho vai passar e tu tens uma prova para preparar"

No meio disto tudo, há alguém que teima em ter aulas de pijama, até reviro os olhinhos, a internet da NOS não colabora, a roupa continua a ter de ser passada, existe sempre um mundo de roupa para pôr na máquina, almoços, jantares e, não contente com isto, fiz encomendas no ikea, como tinha poucas coisas para me entreter, resolvi que montar móveis e estantes era na boa..

Este hashtag do #ficaemcasa está a ficar dramática, ao nível da minha pessoa.





quinta-feira, 16 de abril de 2020

E vão mais 15...

No ano da graça 2020, a 16 Abril, El Don Marcelo renova o estado de emergência por mais 15  dias.
Que significa tudo isto?
O fim total da minha sanidade mental, sim eu sei que é para o nosso bem, sim eu sei que é necessário, mas dá para me deixarem resmungar?

O facto do nosso pequeno estafermo nos levar a loucura, uma vez que este miúdo esta madrugada andava ás 3h30 da manhã na cozinha a comer bolachas shortcake. Vou desenhar um boneco gordo e colocar na porta da despesa a dizer "vais para a cama oh gordo".
Mais 15 dias em que faço almoços, jantares, todos os dias
Mais 15 dias em que o Visconde vai fazer pão, bem nem tudo é mau no meio disto
Mais 15 dias , que vão ser um pouco mais, porque não existe previsão para nós voltarmos, uma vez que entre a farinha, um tacho ou outro conseguimos trabalhar.
E já nem falo das morcelas de arroz e do leitão, que não me quero repetir.

São mais 15 dia sem poder ter o meu cãozinho, algo que quero muito, mas vai ter de esperar mais um pouco. Bem, hoje recebi outra panela, nem tudo é mau. Não há cão, mas há panelas novas, como podem ver isto anda sempre a volta do mesmo - fogão, logo comida

Por outro lado vou ter pena de se acabarem as video-chamadas com a minha sogra onde só lhe vejo um olho, ou só o cabelo, ou o quadro que esta na parede, quem nunca.
Acho que vou manter essa forma de comunicação.

 Acaba por ser um pouco cansativo estas viagens diárias para o local de trabalho, sair de manhã cedo do quarto, meter a primeira e virar à esquerda em direcção ao WC, estacionar, voltar a ligar e arrancar em direção à cozinha, ai após a primeira, chegamos à quarta rapidamente, pois é sempre a direito e já no final, chegado ao hall, viras à direita e entras na cozinha, onde tomamos o pequeno almoço, para voltar a fazer poucos metros virando à esquerda e chegando à sala , vulgarmente conhecida como escritório, é toda uma canseira logo pela manhã.

São uns 15 dias onde adiamos um pouco mais a vida, onde adiamos um pouco mais os planos e por isso estamos todos um pouco fartos disto.
Je suis farta disto

Por outro lado, estou muito ansiosa para assistir ás pequenas maravilhas das máscaras a serem usadas diariamente, estou muito curiosa para ver como é que o meu tugão vai reagir ao uso da máscara no dia a dia ... para mim que corro vai ser magnifico, ver toda uma comunidade runner nas provas de máscara a rasgar o alcatrão, parece que já estou a ver os sacos de oferta, uma banana, uma máscara em lugar do tão conhecido Buff. Quem conhece esta comunidade rara sabe que isto tem tudo para dar merda.

Mas enquanto aguardamos mais um pouco, aqui continuamos em casa a aprender como nos vamos aturar mais um pouco, aprender a cultivar a calma para não enfiar uma chapada das fuças do mais novo e trancar o mais velho algures na casa.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Cativei a Pascoa Deusmalibre se cativo o Agosto

E assim do nada já passou um mês, um mês de isolamento, um mês enfiada em casa em teletrabalho, um mês em que só falo com os amigos por video chamada, um mês em que só saio não para ver o padeiro, porque esse agora está cá em casa, mas para fazer compras rápidas e a tentar acertar em horas vazias, sempre a fintar o próprio do bicho e as pessoas no geral. No fundo foi um mês estranho, sem almoços de família.

Assim num mês festejei os 70 anos da minha mãe por video chamada, chorei o desaparecimento de uma pessoa muito querida por telefone, dei tudo na arte dos chegar ao verão Bem Boa, agarrada ao avental enfrentei o forno em modo de doçarias, dei por mim a comer tostas com Nutela à 1 da manhã enquanto vejo vídeos do demónio onde seres têm badalos maiores que os bois cobridores enviados em conversas nas redes com amigos (raios ta partam Ricky), descobri que afinal o homem até se ajeita na arte do pão e só não o vejo com um barrete de padeiro, porque aquela cabeça, minha nossa senhora nem o XXL , é muita sabedoria junta, dá nisto... 

E assim chegamos a Páscoa, aquela altura do folar doce, (o trasmontando com aquele sabor azeite, não me venham com folares de ovos e coises, isso é só para vos encher peles e pelo que tenho visto isso é coisa que nesta altura têm mais) bola de carne, cabrito assado a mesa cheia, os risos, as conversas cruzadas, os pais, nós portanto.. vá eu, a querer montar o modelos que saem nos ovos da kinder (sim gosto, não me julguem), a via sacra sacra pelas ruas, a própria vigília pascal...
Este ano Cativei a desgraçada da Páscoa, se o nosso Ronaldo das finanças pode cativar tudo e todos , raios se eu não posso cativar a Páscoa. E assim foi, almoço normal sem grades alaridos, houve risos, mas isso há sempre, comemos, bebemos, não houve ovinhos da Páscoa, nada, em 2021 logo se retoma esta festa, este ano não estava pelos ajustes.

Cativei a Pascoa e Pascoela, mas caramba não vou cativar o agosto, nem a praia, alguém que diga ao bicho para aparecer, pronto já brincou, nós já percebemos que tem de haver  mudanças radicais, mas com o verão não se pode brincar, aqui a pessoa necessita muito de vitamina D, de estar deitada tipo frango no espeto ao sol, ora roda para a direita ora roda para a esquerda, fazendo pequenos intervalos para ir dar um mergulho e voltar à vida estafada de estar deitada sobre a areia fina das nossas praias. É toda uma nação virada ao sol, onde a nossa costa de norte a sul necessitam no nosso carinho, do nosso amor, espalhado pela areia e pela água salgada.
Parece que já estou a ver, as nossas praias engalanadas de máscaras de todas as cores e feitios, ele é máscaras que vão até à testa, outras que só tapam os lábios, outras que vão até ao umbigo,
meus queridos a grande moda este verão não vão ser bikinis, mas sim as máscaras...
"Vanessa põe já a máscara nas trombas, antes que apanhes uma bofetada"
"Carminho, como ousa tirar a sua máscara?" ou o típico tugão "Uii fazia fácil essa máscara".
Enfim, vai ser um agosto fenomenal, estou apostar todas as fichas nele, vai ser toda uma loucura, toda uma nova forma de fazer praia, sim porque na arte de inovar, meus amores, não há como os portugueses, somos a arte do improviso.

Por isso oh Covid põem-te nas galinhas desgraçado, que o agosto não nos tiras ouviste ?

sexta-feira, 10 de abril de 2020

A Quaresma esta confinada

Quinta-feira Santa, dia da última ceia, dia em que o senhor lavava os pés aos doze amigos e naquela altura andava tudo de sandálias e no deserto, aquilo devia ser só areia, mas adiante, neste dia em que estamos confinados e isolados também a nossa Quaresma está confinada.
E o que se lembra o meu estafermo? Que ia ficar giro de cabelo rapado .... hiperventilei , meus amores ceguei, já não basta o dia cinzento, a chuva, estar em casa fechada, vem este caramelo com ideias... 
Pensei "esta coisa está a afectar a mente deste miúdo".
Reparem que estamos a falar de uma pessoa que adora a sua gadelha, a cair nos olhos, e agora acorda e diz "até era giro rapar o cabelo com a máquina do pai", quase que me salta a mão em direcção aquela cara laroca, aguentei forte, quase que vi uma lágrima a sair do meu saco lacrimal e apenas disse "Queres uma laranja para o pequeno almoço ou cereais?".
Isto é que é iniciar as festividades em grande, pensei... óbvio que todo o meu cérebro era impropérios, e pensei vou esconder a maquineta. 

Não basta fazer video-chamadas com os amigos até altas horas da madrugada ou jogar F1 até as 3 da manhã on-line... era só o que me faltava eu ficar preocupada com cabelos, entretanto foi tomar duche e fazer a barba, ainda temi que fosse rapar as sobrancelhas, mas vá ficou pela barbicha de bode.

Um drama, eu estava a trabalhar e reparei que estamos na quinta-feira Santa e não tinha descongelado nada para o almoço, abençoadas pizzas e, sim a minha tinha ananás, não me agastem que hoje os cabelos do outro já me causaram quase uma taquicardia, tinha de ter um miminho. Quando me sento na mesa diz o pequeno estafermo: "ananás mãe? sabes que isto é um ultraje à comida" ora, que grande #$%&#$%, então querem lá ver que uma pessoa já não pode comer o que quer? já não pode ter um conforto no esófago, criar um bolo alimentar, apimentar a quimo, sem ter a criatura a criticar? quem te rapa esse gadelha sou eu .....



A pessoa, fica assim quase descontrolada e pensa: 
- Amanhã tenho de fazer pataniscas, que é dia santo..
Estou a ficar demente, oh bailhamedeus, este ano cancelamos a Páscoa e confinamos a Quaresma.




Isto nem para coser meias esta bom...

A pessoa tenta colocar uma linha na agulha, e já não passa sem por os óculos, e pensa porra, não esta mesmo de feição. Sendo assim vamos lá ...