Somos latinos e, como tal, gostamos de beber bem, mas principalmente adoramos um bom petisco. Quem nunca comeu uma boa punheta de bacalhau, bem regada com azeite que atire a primeira espinha.
Ora, todos estamos bem cientes, que a nossa costa é rica em bacalhau e vai daí desde os primórdios que o pescamos, salgamos e melhor que tudo cozinhamos e comemos.
Como somos um país cheio de cozinheiros, em cada tugão existe um especialista, de pano à cintura e colher de pau na mão, ou não tivéssemos derrotado os desgraçados de espanhóis com uma padeira com a sua pá de pão.
Resolvemos batizar o fiel amigo de mil e uma maneiras, existem para todos os gostos, se não vejamos:
Bacalhau à Zé do Pipo, querem nome mais tuga? Foi inventado pelo zé taberneiro, mais conhecido por Pipo, que olhou para o fiel amigo e disse vou enfiar-te no pipo.
Temos também o bacalhau à Narcisa, nitidamente nome dado pela tia freira, que o confecionou pela primeira vez, num final de tarde, para os lambões dos sobrinhos que vinham da praia do Moledo.
O tão famoso Bacalhau à Gomes de Sá, como todos sabemos o senhor Gomes era um conhecido professor de química, que resolveu fazer uma experiencia refugando cebola e batatas numa aula para demostrar o potencial da acidez do azeite e um aluno virou-se para outro e disse, "oh Sá traz de lá o bacalhau que o Gomes, está de avental" e assim nasce o bacalhau à Gomes de Sá.
E o Bacalhau à Brás? Quem nunca depenicou nas batatas fritas do bacalhau da avó não teve infância. Este bacalhau criado em 1620 pelo Brás, o sapateiro de Monsanto, que à falta azeite juntou ovos e palha ao bacalhau. Mais tarde com o fim da crise e da fome alterou-se a palha pela batata palha. O sapateiro Brás é um antepassado do atual comentador de um tal canal de televisão. Como se vê o gosto por comer palha passou de geração em geração, abençoadinhos!
O Bacalhau Espiritual, como o próprio nome indica, foi inventado no mosteiro de Franciscanos, enquanto andavam na apanha do medronho, só assim se justifica o nome deste prato, ficaram iluminados pelos vapores do fruto, e na hora de preparar mais uma refeição silenciosa pumbas, entre uma reza e outra ao Senhor, sai um bacalhau envolto em cenoura ralada.
Bem meus amores existem mil e uma formas de cozer o bacalhau, não vou desfiar todas aqui, embora devesse, só para vos fazer ler durante o próximo confinamento. Como sou uma pessoa sensata fico por aqui e termino com a historia do Bacalhau com Natas, no fundo quem deu o nome foi o leiteiro da aldeia da Sertã, enquanto ordenhava vacas lembrou-se de usar as natas para dar um toque diferente ao prato. Assim regou a travessa com as natas, fazendo com que o bacalhau ficasse envolto num manto branco, numa alusão clara à orvalhada que tinha caído naquela manhã. Só seculos mais tarde é que estes pratos foram revistos, mantendo os ingredientes principais, mas juntado toques pessoais à coisa.
No fundo o Zé Tuga arranjou forma de ter como prato principal um peixe, que não existe nas nossas águas, pescado a milhas de distancia, se isto não é do mais chique existe, então não sei...qual comer entrecosto ou javali nãa , bacalhau da Noruega meus filhinhos, Noruega, nada de chicharros ou chaputa pescada ao largo de Sesimbra.
Influencer é isto
Ahahahah, que história deliciosa, digo eu, quem nem sou grande apreciadora do dito prato tipicamente tuga. Se Portugal não é o grande "inventor" desde sempre eu vou ali comer um PASTEL de bacalhau e já venho, tal como fica aqui demonstrado pela grande influencer da nossa costa, a nossa Catarina.
ResponderEliminarObrigada minha querida
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