"Agora bebe tu, fofinho" foi esta a frase que eu ouvi ao chegar as esplanada, uma voz suave, uma voz de amor, ternura de uma mãe, o que me levou a virar ao rosto, de encontro a essa mãe ou avó, mas tudo o que vi foi uma senhora, agarrada a um cão de peluche vestido com uma roupinhas, essa senhora fazia festas no seu boneco, falava com ele, para que bebe-se o seu refresco. Posteriormente desembrulha alegremente um livro infantil, que tinha comprado e começa a ler em voz baixa a historia ao seu amigo.
Perante isto não pude deixar de sentir uma ternura imensa, o carinho, o amor com que aquela pessoa tratava o seu amigo, como se fosse um filho é inexplicável. Notava-se que era uma pessoa culta, pois a uma questão colocada em inglês ela respondeu num inglês perfeito, a forma como lia corretamente, como estava vestida, o meu cérebro levou-me imediatamente para uma possível professora com algum esgotamento.
Onde é que falhamos como sociedade quando não assumimos que a saúde mental é um problema grave, e que pode afetar qualquer um de nós ?
Onde é que falhamos como pessoas ,quando assobiamos para o lado, rimos , fazemos troça , de pessoas que estão mentalmente debilitadas ?
Porra, como é que não nos podemos deixar de questionar, como é que se chega a este limite, aquela senhora não estava triste, estava feliz , feliz porque vive num mundo dela, esta fechada dentro da sua própria caixinha, foi comovente ver como estava feliz a ler uma historia de um livro infantil a um peluche. É uma pessoa que esta fechada num universo paralelo, eu até tenho medo de pensar o que pode acontecer se algum dia, esse universo único parar, e ela sair cá para fora.
Quantas vezes não temos pessoas que nos são próximas e que nos dão pequenos alertas, mas nós nas nossas vidas sempre aceleradas, não paramos e olhamos e não nos apercebemos que há algo que não esta bem? é que nem todos tem capacidade para grita por ajuda, muitas vezes é um grito mudo, um falar sem som.
Quantas vezes não nos sentimos tristes, a beira de um abismo sem perceber como ali chegamos
Não podemos ter medo de pedir ajuda, não podemos não deixar de ajudar, como sociedade que somos, temos essa obrigação, a de estender a mão, exigir que se faça algo mais, quer nos locais de trabalho quer nos centros médicos
Ou simplesmente podemos cultivar a arte de mandar foder, de mandar a merda sem medos, mesmo os nossos, as vezes é dentro da própria família que vem o desinteresse, porque por mais que se possa sorrir, quantas vezes esse sorriso não esconde uma realidade que ninguém quer ver?
Eu aprendi arte de mandar a merda, arte de mandar foder e assim acabo por afastar as nuvens negras, alturas houve em que estive a um passo de caminhar para esse abismo, mas o fato de ter uma personalidade forte, a que juntei a decisão de dizer BASTA, fez com que nunca me aproximasse desse abismo.
Não há duas pessoa iguais não há formas certas ou erradas, por isso temos de estar atentos aquém nos rodeia, para que consigamos alcançar antes de caírem nesse abismo.
Devíamos criar mecanismos vários, para que todos os que queiram, possam também elas aprender arte de mandar a merda, porque a Saúde Mental é de uma importância enorme, porque a doença mental existe