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sexta-feira, 12 de maio de 2023

E tudo o Nabão lavou

 Conversa , puxa conversa entre colegas de trabalho, assim meias tresloucadas como eu, surge a ideia peregrina de fazer a descida dos rápidos do Nabão, não se trata de um campo enorme de nabos, mas sim o Rio Nabão que vai até Tomar.

Entre trocas de e-mails para saber quem vai e marcar, como bons portugueses que somos, a pergunta foi logo "E almoço?", mais uma logística, nada que a nossa Carla não desse a volta habituada a que ela esta nessas andanças, lá se reservou tudo , com almoço no final.

Nem demos pelo tempo avançar e hei-nos chegado ao dia 22/4. Tinha chovido dois dias antes,( o que nos fez temer um pouco)e o dia acordou  meio tristonho, com nuvens , nevoeiro, um frio de primavera, nada a temer e lá arrancamos para a praia do Agroal.

Fui a primeira a chegar, um frio, que me fez desejar ter trazido uma manta polar, um chocolate quente, quiçá uma botija agua quente. Começam a chegar pessoas, que não são do grupo, pensei será que também vão? naaaa, bem enganada estava, mas já lá vamos.

Lá chega toda a malta, dá-se um piqueno briefing, uso do colete, o calçado o percurso, até aqui tudo de bem, lá  rumamos a praia,  e é dado um pequeno apontamento,uma nota sobre como travar( e aqui é realmente muito importante, porque o saber virar na hora certa, evita ficar cravada de silvas, qual Cristo pregado na cruz com a coroa de espinhos, ou  ir encontro a tronco do demónio, que resolveu lá ficar plantado, só para me lixar a vida)


Equipas feitas e diz o monitor\Guia " é sempre em frente, nada temam, o rio encaminha-vos até lá, vemo-nos na chegada".
Aqui começa a verdadeira aventura, se eu já tinha entrado ou entrado dentro de um caiaque/ barco? já, barquinhos do Campo Grande, e não comecem com historias, porque quem consegue fazer aquela curva a primeira ,sem matar 2 ou 3 patos e sem bater na margem ficando atravessado no canal, cortando o acesso a que miúdos andem aos beijos envergonhados, entre aquelas arvores, consegue tudo.

No fundo como iram ver é todo um BBC Vida Selvagem



Claro que navegar na  barragem da Sta Luzia,  também conta, se são aguas calmas? não confirmo , nem desminto. Lá vestimos os coletes e avançamos primeiro erro, usei meias que uso para a prancha de Sup Padell, são excelente para me equilibrar em cima daquela gerigonça, péssimas para rio com pedrinhas, que mais parecem dentes esfaimados de Piranhas, mas vá adiante, segundo erro, não levar a Gopro, presa ao pulso, ao pé ou noutro sitio qualquer, a dado momento  pareceu ideal a alça do bikini, pareceu ótima para prender a porra da maquina, de forma a não andar no meio do rio a nadar atrás de uma maquina fotográfica.

Primeira curva feita, sem virar o barquinho, lá seguimos, em fila, as outras pessoas que não eram do grupo ,afinal também vinham connosco , mas esses a ver pela forma como rapidamente desapareceram do meu horizonte, fizeram batota e activaram um motor na ponta da pagaia, só pode.


Como referi tinha chovido , nos dias que antecederam a descida e assim o rio tinha um caudal  maior e havia muito limo, ora volta e meia lá ficava enfiada numa sopa de agriões, e foi aqui que se deu o primeiro Gif, estou eu a tirar fotos as colegas que iam a minha frente quando ouço alto em bom som" rema agora c££€§, para a esquerda, ora quem me conhece sabe que:

1- Sou totalmente descoordenada

2- tenho dislexia agravada, eu acho que já vai mais em alzaimer . Devia ter antes gritado "rema para a TUA esquerda", como não foi isso que aconteceu, quanto tentei corrigir a trajectória, era tarde de mais e lá estava aquele tronco que ia quase até meio do rio, cheio de silvas, ainda tentei com a pagaia bloquear aquele ataque de madeira, qual karete kid, mas o mal estava feito, ia ficando sem cabeça. Caiaque virado tudo na agua, a Simone ainda grita " olha a pagaia" isto porque não podíamos perder a dita, uma vez que necessitamos da gaja, para remar até ao final, ou então era levar o barquinho as costa ou a nado, durante os 9 km

Obviamente que o meu primeiro pensamento foi, que se lixe o remo, eu quero é a Gopro, com o rio um pouco turvo, nada vejo, soltei uns impropérios, quando vou a nadar buscar a pagaia, lá ia a maquina a boiar alegremente, consegui apanhar ambas , trepei para dentro do banquinho e lá seguimos viagem, sem mais sobressaltos, apenas uns arranhões das silvas.

Tivemos de parar todos, inclusive a malta do motor, pois faltava umas colegas nossas,  não avistamos ninguém, a segunda monitora, pediu para esperamos um pouco que ia ver onde andavam, Os gajos do motor na pagaia também queriam ir, não gostavam de estar parados, a minha maltinha preferiu ficar a trincar bolachas, há prioridades sempre bem definidas 

Chegada das nossa miúdas e lá  arrancamos todos para açude, onde tivemos de contornar uma arvore e encostar tudo a direita e ficar a espera agarrados as pagaias uns dos outros, para não irmos com a corrente. foi um momento fofinho.


Aqui comecei a rezar, eu e as alturas não nos damos bem politicamente, tínhamos de sair do caiaque, e descer uma escadas, onde levamos com agua em cascata nas pernas, agarrada a uma corda, que os turbo Men já seguravam ( como é que desceram, sendo que tinham de ser 3 agarrar a corda é algo que me fez confusão) chegando a nossa vez lá remamos devagar ate ao sitio, para apear e começar a descer as escadarias do demônio, não levamos o caiaque as costa, se bem que a ideia seria épica, não, o barquinho foi literalmente atirado borda fora pelo açude.

Agora imaginem um Gif descoordenado, com pavor de alturas, a descer umas escadas cheias de limo, musgo ou coentros, o que quiserem chamar , era verde, esse Gif era eu ,agarrada a uma corda, se balancei? o que se passa no Nabão, fica no Nabão, mas cheguei ao fim onde fui agarrada pelo turbo men, para não experimentar a temperatura da agua 


Na realidade eu não testei a temperatura da agua no lombo, mas a minha colega experimentou com toda a magia, foi épico, soltamos gargalhadas animadas


Chegados aqui, foi feita uma pausa , não com kitkat, mas com perâs e bolas maria, confesso que nesta altura,eu já mamava fácil um leitão no espeto, foi bolacha mesmo que comi, e soube igual ao leitão, com o molho picante e tudo.

Migalhas limpas e lá vamos para a 2 parte do percurso, aqui o monitor empurrou o nosso barquinho contra o rochedo, a ideia não era espetar o focinho do mesmo, mas virar antes de embater, de modo apanhar a corrente e descer pelo rápido certo, sem vazar uma vista ou acabar com um peixe na boca, Missão cumprida com sucesso, sabe lá Deus como, mas não vamos questionar ajuda divina, aqui nesta parte temos que remar com mais força, a atenção tem de ser redobrada, tal como a coordenação de movimentos, obvio que comigo tem tudo para correr mal ao nível dos  movimentos, de tal forma que acabei por virar o caiaque ao contrario e assim conseguir a proença de remar e descer dois dos rápidos de costa, mas com uma elegância, digna de uma princesa. Vamos lá ver, se é para ir , então é para ir com estilo.

As duas por três ficamos enfiados nas liana do Tarzan,  vem na minha direção o barco da Dani e Simone, contra nós, ficamos encostados ainda mais aos troncos, e quando estamos a sair somos abarroados pelo caiaque dos paulos,   o meu caiaque entalado entre os outros dois vira, charco com a menina, foi uma queda, digamos bonita, porem aparatosa, no meio da floresta tropical , deixei de ver o Miguel , os outros seguram caminho, numa espécie de  trailer digno de Darwin e a sobrevivência da espécie humana( como referiu o P.André, quando tentou ajudar o Miguel)


Pagaia vai, pagaia vem, lanço-me num mergulho, encarpado com um flick flak à retaguarda para apanhar a dita que já ia na loucura da corrente        ( bitche), pagaia capturada numa total cena relatada por David Attenborough .

E chegamos a parte emocionado do dia, tentar subir para dentro do caiaque com agua a meio do tronco, apos queda dentro de agua, foi toda uma aventura, entre gargalhadas, e tentativas de trepar para cima da proa, ao ponto de eu dizer" ok não se preocupem, eu levo o barco debaixo do braço, antes isso que partir toda uma dentição". O monitor a rir tira fotos, e  lá encosta o barco ao meu, puxa-me pelos braços e é toda um piquena lontra a deslizar graciosamente para dentro do caiaque, pronta para remar até ao frango assado. lá seguimos 

Chegamos ao fim da nossa aventura, entre risos, e muita fome,  fomos comer leitão com batatas fritas, os hater's vem dizer que era frango de churrasco


 O sorriso fala por si, foi um dia maravilho passado entre colegas de trabalho e familiares 

#SomosDeco



Isto nem para coser meias esta bom...

A pessoa tenta colocar uma linha na agulha, e já não passa sem por os óculos, e pensa porra, não esta mesmo de feição. Sendo assim vamos lá ...