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domingo, 26 de abril de 2020

Onde está o Cravo do 46?

46 anos celebrados de forma peculiar ou diferente,ou aquilo que queiram chamar, a sentir aquele nó na garganta, mas foi celebrado.
Foi celebrado com a mesma emoção, arrisco  o dedo grande do pé ao dizer que este ano teve mais emoção.
Não houve a já tradicional corrida do 25 Abril, com partida do Quartel da Pontinha, ao som da senha de Paulo de Carvalho, chegada ao Rossio ao som da Grândola, não houve as mines no final, nem os pasteis de nata, sim somos pessoas estranhas que além do correr de cravo enfiado na meias, no final damos tudo no reforço muscular enfardando pasteis de nata quentinhos na Manteigueira empurrado com nines, deitando abaixo todo o esforço feito ao longo de 11,5 km para perder as calorias, bem no fundo no fundo gostamos da nossa piquena banha.

Não houve o desfile pela avenida, o ruído das conversas cruzadas, dos abraços dados.
Não houve o Cravo 46, o símbolo de uma revolução única, onde a coragem de uns devolveu a liberdade tão desejada.
 Essa liberdade que hoje sentimos falta, não nos foi tirada apenas a confinamos de forma a não a contaminarmos. Nunca o celebrar Abril foi tão importante, para que os mais novos possam continuar aquilo que os avós deles lutaram (se julgam que vou falar de politica agora esqueçam, eles lá nós aqui, cada um com o seu papel na sociedade e todos bem cientes da importância de celebrar), para que muitos saibam o valor da mesma, para que outros tantos não julguem que ter tudo é um dado adquirido, não é, e este 25 Abril em tempos tão diferentes veio mostrar-nos muito isso.

Este 25 Abril foi celebrado de forma intensa, começou logo à meia noite no directo do Bruno Nogueira com o Vhils, foi de embargar a voz, tal foi a beleza de ver a cara do Zeca Afonso a ser esculpida na parede da sua casa, com o martelo pneumático, ao som do Grândola Vila Morena, foi de cortar a respiração, ficar sem fôlego, de lágrimas nos olhos, arrepiada até as nossas entranhas mais profundas, sejam elas onde forem..
Depois o pequeno estafermo juntou-se ao pai na janela a cantar em plenos pulmões "Em cada esquina um amigo, em cada gosto igualdade" facto único que nos ficará marcado para sempre.
Eu estava a tratar da sopa, quando o relógio bateu as 15 horas descascava uma batata doce, quem nunca descascou batatas ao som do Grândola que atire o primeiro Cravo. Mas cantei, sei a musica de cor, sempre adorei as musicas do Zeca e 46 anos depois continuo a emocionar-me ao som do Grândola. De faca na mão batata da outra ouvia o som das cantorias, enquanto cantava
"Grândola Vila Morena
Terra da fraternidade
O Povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade"
e caíram as lágrimas, então mas a pessoa agora é isto, uma emoção, raios parta mais às cebolas que jaziam no tacho.

Então e o Cravo 46? Como é que se celebra tão importante data sem o 46, não fui ao mercado, não comprei, onde ia eu desencantar o símbolo de Liberdade? Tomei a liberdade de criar um com todo o respeito que tamanha flor me merece, apesar do jeitinho ser nulo, até acho que os astros ajudaram e não ficou assim tão mau, mas Jamais o Cravo 46 não podia faltar em casa de alguém que é orgulhosamente filha de Abril.

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