Reza a história que corria o ano 2020, tinha acabado de chegar da Serra
Nevada, final de Fevereiro e fazíamos planos
para as férias. Em Maio íamos à Alemanha comer salsichas,
acabei por comer cozido à portuguesa cá em
casa, por sinal bem bom, e no fundo é quase igual.
Falava dos planos, ora a ideia era levar os fatos de banho até Cabanas de Tavira para apanharem um ar diferente, acabei por ir bater com os ossos ao Alentejo. Três semanas que tinham tudo para correr menos bem e que acabaram por ser as minhas Cabanas de Tavira.
A casa era dos avós do Miguel e resolvemos transformar num cantinho mimoso,
comprámos coisas essenciais, para podermos
passar tantos dias ali, isto é bebidas, está dado o mote para que tudo corresse
menos mal.
Eis que está tudo alinhavado para umas ferias a 4, sim o meu patudo
também foi obviamente.
Deitar-me à meia noite com o estupor do galo a cantar, o animal andava desvairado, teve a dois passos de acabar na panela, a sorte dele foi eu não descobrir onde era o loft dele. Era à meia noite, às duas da manhã, às quatro, enfim o bicho estava possuído pelo demo, até as cinco da tarde ele cantava.
Quem nunca acordou às 7 da manhã com a buzina
da carrinha do peixe? ou do pão do Ciborro? o máximo que conseguem é ter alguém
a berrar da praia olha a bolinha quentinha do sol.
Enquanto vocês andam a lambuzarem-se (seus lambões) com bolas de Berlim de Nutela,
Alfarroba e afins na praia, aqui a menina recebe ovos de coderniz dos vizinhos,
tomates e couves, chorem agora de inveja. sabem lá o que é estrelar um ovinho
daqueles para o Brunch do meio dia, após unas horitas a dar um tom dourado à pele.
Este ano mais um elemento se juntou a família, o
furação Marty, el Rey. Pois querem férias sossegadas, monótonas, sem um pingo de emoção, no
género viver no limite ou no fio da navalha, não adoptem um cão louco, ou
melhor não tenham cães ponto, deixem-se ficar nessa vidinha.
Ele era buracos debaixo das laranjeiras, terra para o quintal dos vizinhos era mato, e sim temos muro, mas o que é isso para um rei? vai tudo à frente. Foi um tal de inspeccionar a qualidade do tomatal, tal foi a quantidade de tomates que esta besta comia por dia, que pensei em mudar-lhe o nome para compal , passo a publicidade do mesmo, que ainda por cima não me pagam um centavo.
Parecia um furação F5, sempre que se abria a porta do
quintal a nuvem de pó que aquele pequeno pónei levantava do ar, estava capaz de
fechar o espaços aéreo a nível europeu.
Como podem ver foi uma animação, principalmente quando
a fera acha que pode por as patas em cima da mesa e roubar uma salsicha acabada
de grelhar, que falta de noção do patudo...
Houve também aqueles momentos que pensamos, são meios mortiços , estamos sentados a ler um livro ao sol, a beber aquela bebida fresca e quando dás por ela o teu cão está a comer o marcador do teu livro. Ou simplesmente estamos a beber um café nas chávenas que foram da nossa avó, têm mais de 100 anos, e olha em frente e tens o patudo no quintal do vizinho aliviar a bexiga, quase que me salta a centenária chávena da mão, soltei um impropério cabeludo e lá salto o muro para ir buscar o explorador.
O meu pequeno ermita, aparecia para almoçar, jantar,
lá muito de vez enquando ia até a piscina, das 18 h as 20 h ,loucura de vida
atarefada do moço, veio estafado...
No fundo este covid do demónio tirou-me muita coisa, entre elas o convívio com quem mais amo e gosto, tirou-me os sonhos, mas jamais me tirou o sorriso e alegria, do pouco se fez muito. E como não sou garota para baixar braços, matei saudades com videoconferências e transformei uma pequena casa algures no Alentejo, um lugar único, cheio de magia, numa pequena ilha paradisíaca, só faltou mesmo a bola de Berlim.
Outro texto fantástico, que traduz a melhor forma de aproveitar a vida, mesmo que esta só nos dê limões, que, como se vê, não têm de ser amargos. Obrigada por mais este e continua, por favor.❤️
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